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segunda-feira, 6 de junho de 2011

A dúvida mais cruel.

É quando você sobe no ônibus, passa na roleta e tem um semi-conhecido sentado numa das cadeiras, com um lugar vago ao lado. Você pensa logo: por que eu? Por quê? O lugar ao lado do semi-desconhecido poderia estar ocupado, ele poderia ter pego outro ônibus, poderia estar dormindo para eu não ter que encontrar com o olhar dele e dar um sorrisinho sem mostrar os dentes. Mas não, tinha que ser eu.

Logo, pinta a dúvida: ocupar ou não o lugar vago ao lado dele? Se sim, uma conversa tediosa e fática se seguirá:

- Oi, tudo bom?

- Tudo bom, e você?

- Tudo bem….

Depois disso, o silêncio constrangedor logo aparece para permanecer até a hora de um dos dois descer (ou até os dois descerem na mesma parada, se o caso for de semi-conhecidos do trabalho ou da faculdade). Entre o encontro e a descida você está proibido (isso, claro, se for adepto da boa educação) de escutar música com seus lindos fones de ouvido ou abrir um livro e ler. Isso impossibilitaria qualquer chance de conversa por parte do semi-conhecido, mesmo que você saiba que o silêncio constrangedor é certeza absoluta.

A outra possibilidade seria escolher qualquer outro lugar desocupado no ônibus. Essa escolha também tem suas consequências. Você pensa: “Ele(a) vai ficar achando que eu prefiro sentar em qualquer outro lugar (junto com total desconhecidos) do que ao lado dele(a). Vai ficar achando que eu não quero trocar nem um oi, tudo bom com ele(a).”

A decisão varia, de acordo com seu nível de convivência com o semi-conhecido, do seu interesse por ele(a) e também do aroma corporal do indivíduo.

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