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sábado, 5 de novembro de 2011

A Rainha da Fofoca em Nova York – Meg Cabot

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Todo mundo sabe que o tipo de romance que Meg Cabot escreve é bem previsível – a mocinha fica com seu par perfeito no final. Isso nunca foi um problema para mim porque realmente me irrita quando o contrário acontece; há bastante desilusões amorosas na vida real para eu ter que me preocupar com elas também na ficção. Além disso, como diz minha amiga Lisbela, a graça não é saber o que acontece, é saber como acontece e quando acontece.

O fato é que A Rainha da Fofoca em Nova York é uma exceção à essa regra que domina a obra de Meg. Mas antes de falar disso, vamos ao clássico enredo Cabot: Lizzie Nichols tem duas questões da sua vida para resolver: o lado amoroso obviamente, e o lado profissional. Na área romântica de sua vida parece tudo muito bem, obrigada. Lizzie está morando com Luke, seu príncipe, em um luxuoso apartamento na Quinta Avenida. O problema é que ela não tira a idéia de que Luke a pedirá em casamento da cabeça, mesmo que eles só se conheçam a bem pouco tempo (“bem pouco” querendo dizer abaixo do socialmente aceitável para esses casos). A idéia fixa de união eterna pode ter vindo, porém, de sua vocação profissional, a restauração de vestidos de noiva. É aí que reside o outro problema que Lizzie deve resolver: Vera Wang não ligou depois de receber seu currículo e ela não consegue arrumar emprego em seu ramo de atuação na impiedosa Nova York.

Lizzie é adoradora de roupas vintage, por isso o livro está cheio de referências a estilistas antigos. Todas as roupas que ela usa são de brechó e ela tem uma enorme coleção que por pouco não cabe no apartamento de Luke. E é toda essa bagagem e experiência em restauração de vestidos que rende uma dica para noivas antes de cada capítulo. As dicas vão de como escolher o vestido certo para o seu corpo à tipos de tiara e decotes. Como no primeiro livro, cada dica é seguida de uma espirituosa citação sobre fofoca.

A primeira aventura de Lizzie, no entanto, é bem mais engraçada do que esta. O fio cômico não é tão acentuado dessa vez, ou não tanto quanto quando, em A Rainha da Fofoca, [SPOILER do livro anterior] Lizzie descobre que seu namorado é, na verdade, o cara na jaqueta vermelha horrorosa que ela pensou ser um tarado [/SPOILER]. Mas isso não impede que este seja um ótimo livro de Meg em seu estilo característico, cativante e bem conduzido; nenhuma ponta permanece solta, é tudo bem coeso. São bem resolvidos até alguns pequenos mistérios típicos de Cabot que te deixam imaginando inúmeras soluções para eles e, no final, ela te surpreende com uma solução impensável, mas totalmente adequada.

Voltando ao que faz desta uma exceção na obra de Meg: há um ponto em que não sabemos se Lizzie realmente vai ficar com seu príncipe no final, ou com um amigo realmente encantador. Normalmente não é o que acontece nesses livros, onde o happy ending com o amor eterno é certo. Mas é tão angustiante ficar tentando imaginar o que irá acontecer que nesse ponto você acaba devorando todo o resto do livro só para acabar com essa ansiedade. O que na verdade não faz muito efeito já que as emoções de Lizzie se encontram meio suspensas no último capítulo. Meg Cabot trabalha nisso, nesse mistério em relação às futuras ações de Lizzie, com tanto cuidado que a última frase do livro é uma pergunta. Uma pergunta crucial que paira na última página, sem resposta até o término do próximo livro.

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