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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Não tá fácil pra ninguém



Comecei a assistir a mais um seriado de mulherzinha. Esse talvez o mais conhecido e reverenciado seriado de mulherzinha da história, apesar de ser original e direto (ou talvez por isso mesmo). Desde 1998, quando foi lançada, Sex and the City mostrou - se é que alguém tinha dúvidas disso - que mulheres também falam sobre sexo, e não é pouco, não. 

Mas o que importa, e o que me chamou a escrever, é que a cidade de Carrie Bradshaw poderia muito bem ser Recife. A identificação foi bruta e imediata. Em cada fala do episódio piloto eu consegui encontrar paralelos com a minha vida e com a vida de recifenses que eu conheço. Quatro tópicos são os que mais chamam a atenção para a crueldade da vida em uma metrópole (NY ou Recife, your choice). 

1) Muitas mulheres lindas e interessantes solteiras
“Há milhares, talvez dezenas de milhares de mulheres assim nessa cidade. Todas nós as conhecemos e concordamos que elas são ótimas. E todas estão sozinhas.” Pois é, Carrie, aqui em Recife não é diferente. É só andar pelas ruas, pelos restaurantes, pelos shoppings e até pelas baladas, o que mais se encontra são grupos de amigas se divertindo, sem homens por perto. O que não é ruim!, não me entenda mal, mas um boy magia é sempre bom, não é verdade? No entanto eu posso enumerar várias, várias mulheres que eu conheço que são lindas, fofas e criativas, porém solteiríssimas.
“É como o enigma da esfinge. Por que há tantas mulheres solteiras e nenhum homem solteiro?” Eu tenho que concordar com você, todos os bons partidos estão comprometidos. E só as fortes e sortudas conseguem agarrar um desses no pequeníssimo hiato em que eles se encontram disponíveis, entre um relacionamento e outro. Eu não sei em Manhattan, mas aqui em Recife existe um motivo simples e triste para isso tudo. Tá faltando homem. De acordo com dados do IBGE, entre os 20 e os 29 anos de idade, amiga, há 12 mil mulheres há mais que homens. E quanto mais se aumenta a idade, mais a diferença aumenta. Agora você pode passar essa informação na cara das tias que sempre perguntam “cadê o namorado”.

2) A fênix
Essa categoria de boy deve existir em todas as cidades do mundo, mas em Recife, querida amiga Carrie, a situação se agrava. Como todos os recifenses sabem, a cidade é um ovo. Todo mundo conhece todo mundo, principalmente porque as mesmas pessoas vão sempre para os mesmos lugares. E isso é praticamente um criadouro de fênix. Aqueles seres mitológicos que, por mais que você tente, por mais que você diga que não sente mais nada e que xingue até a terceira geração do indivíduo, de repente ele reaparece mais lindo e tentador do que nunca. “Não olhe agora. A cruz da sua vida está no bar. Eu não tenho paciência para aguentar seus lamentos por ele pela quarta vez.” Quem noonca ouviu isso de alguma amiga? Com certeza não foi só você, Carrie.

3) Príncipes não existem (William já casou e Harry não é flor que se cheire)
Pegando carona no tópico anterior, é perfeitamente claro que ninguém é perfeito e a vida é assim. Temos que aprender a levar foras e levantar como se nada tivesse acontecido, porque nem sempre os boys estão disponíveis/lhe querem. E apesar de não haver (de jeito nenhum) tantos peixes no mar assim, sempre se arranja um jeito. Se eu fosse você, ouviria sua amiga Miranda: “O cara certo é uma ilusão! Comece a viver sua vida!” Então, gatã, vá viver/fazer o que gosta e não o que outra pessoa que nem liga pra você está vivendo/fazendo. (Esse tópico ficou bem trabalhado na conselheira, mas conselho nunca é demais.)

4) As gay amam mais
Não é só você que tem amigo gay, Carrie. Não é só você que vive rodeada de casais gays. Nós em Recife também. Seu amigo Stan tem razão: “Estou começando a achar que o único lugar onde ainda se pode achar amor e romance em Nova York é na comunidade gay. O amor hetero é que se tornou enrustido.” Stan, agora você recebe palmas de uma aluna do CAC. Porque há muito mais partidões gays do que héteros. As coisas seriam tão, tão mais fáceis se gays também gostassem de mulheres. Eu tenho certeza que haveria muito menos mulheres solteiras em Recife.


Essas coincidências (ou não) servem para lembrar que você, Carrie Bradshaw, não está sozinha nessa luta! Existem muitas outras meninas inteligentes e de boa índole dando sopa por aí, inclusive em outros países e outras realidades. Só não lhe digo que tem um Mr. Big no seu futuro porque aí seria spoiler.

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